Toni Island Adventure é daqueles jogos que nos fazem lembrar por que nos apaixonamos por videogames em primeiro lugar. Desenvolvido pela brasileira Frolic Studio com o GB Studio, essa adorável aventura em 8-bit é muito mais do que um jogo indie: é uma homenagem emocionada à era de ouro dos portáteis, especialmente ao querido Game Boy Color.
Lançado em julho de 2025 e já com presença marcante em eventos como o Festival Jogatório (SESC 24 de Maio/SP) e destaque na Latin American Games Showcase do The Game Awards, Toni Island Adventure nos transporta para uma ilha misteriosa onde pizza é cultura e os cães são os habitantes principais. E, como se não bastasse, tudo isso é embalado em uma estética nostálgica com músicas chiptune feitas com coração.
Uma ilha pixelada cheia de vida (e recheada de pizza)
Após um naufrágio inesperado, Toni, nosso herói canino, dá à costa na enigmática Ilha Salamino, um lugar povoado exclusivamente por cães que, por razões misteriosas, baniram os gatos há gerações. Toni chega com fome (literalmente) e com um destino incerto — há rumores de uma profecia e olhares desconfiados para todos os lados.
A ilha é vibrante. São cinco locais, cada uma com sua própria arquitetura, cultura e biomas. Você sente a mudança de ambiente enquanto explora cavernas, bosques, metrópoles e vilarejos. O design de fases é um primor: coerente, caprichado e convidativo. Essa atenção aos detalhes torna cada nova descoberta — uma entrada secreta, um atalho, uma vila escondida — um prazer genuíno.
Quebra-cabeças criativos e dungeons com alma
Inspirado fortemente em jogos como The Legend of Zelda e Pokémon GSC, Toni Island Adventure incorpora com maestria elementos de exploração, puzzles e combate. As dungeons são recheadas de desafios criativos, que evoluem em dificuldade conforme o progresso de Toni, e nunca caem na mesmice. Há uma fluidez natural que motiva o jogador a pensar, experimentar e se encantar a cada sala resolvida.
E se algo der errado, o próprio jogo oferece atalhos amigáveis — como reiniciar um puzzle com Start/Select — evitando frustrações desnecessárias.
Minigames e vida social: um mundo que respira
Entre uma dungeon e outra, há muito o que fazer. Toni pode:
- Trabalhar como entregador de pizza (sim, existe até um app de pizzaria no seu PataPhone);
- Surfar em um minigame carismático que exige reflexos e timing para desviar de obstáculos e ganhar estrelas;
- Pescar, coletar itens, visitar o fundo do mar (!), explorar um navio afundado e completar coleções no museu local.
Essas atividades paralelas tornam a experiência viva e divertida, dando ritmo ao jogo e oferecendo recompensas tangíveis e imersivas.
Trilha sonora e ambientação: um convite à nostalgia
A trilha composta por Lucas Nadal, inteiramente feita em um tracker 8-bit, é um espetáculo à parte. As músicas são curtas, mas hipnóticas. Elas se repetem, como nos jogos clássicos, mas não perdem o charme — mesmo com limitações do GB Studio que às vezes fazem a música desaparecer em transições ou ser atropelada por diálogos.
Personagens carismáticos e um roteiro surpreendentemente profundo
Os personagens — quase todos cães, com algumas exceções — são marcantes, desde o prefeito e sua secretária até os clientes da pizzaria. Há um charme especial nos diálogos caninos, que adaptam palavras com humor, como “AU-moço” (almoço), em uma brincadeira fonética que mostra o cuidado e o carinho da equipe.
Mesmo com um enredo simples à primeira vista, a história cresce, ganha peso e profundidade, com críticas sociais sutis, momentos emocionantes e até alguns mistérios que realmente nos pegam de surpresa. O final é especialmente marcante, digno de um RPG clássico.
Há também easter eggs de cultura pop, referências à Netflix, YouTube e outras surpresas que merecem ser descobertas naturalmente.
Limitações técnicas e o charme do improviso
Sendo desenvolvido no GB Studio, Toni Island Adventure carrega algumas limitações técnicas que, embora perceptíveis, não comprometem a experiência geral. Toni pode enroscar em objetos, alguns inimigos têm hitboxes imprecisas, e há momentos em que o jogo precisa ser reiniciado ao ficar preso em algumas cadeiras, por exemplo.
O sistema de dia e noite é simples, mas funcional. Com mudanças sutis na paleta de cores, ele altera o comportamento de alguns NPCs, criando a sensação de um mundo que vive e respira.
A versão para Steam, que roda através de um plugin do Godot, apresenta problemas de stuttering e não oferece uma opção de tela cheia, mas esses pontos foram deixados de fora da avaliação, já que o jogo foi pensado originalmente para o Game Boy Color.
Mesmo com esses desafios, é impressionante ver até onde o GB Studio foi levado. A qualidade das animações, pixel art e efeitos mostram que o portátil chegou ao seu limite — e talvez o tenha superado.
O que é stuttering?
Em jogos, “stuttering” refere-se a interrupções na fluidez da imagem, resultando em pequenas travadas ou engasgos na tela, que podem afetar a experiência de jogo. É diferente do “lag”, que é um atraso na resposta dos comandos, embora ambos possam ocorrer simultaneamente e serem confundidos. O stuttering pode ser causado por diversos fatores, como problemas de hardware, configuração do jogo, drivers desatualizados ou até mesmo a própria engine do jogo.
Um tesouro brasileiro em 8-bit
Toni Island Adventure é um daqueles jogos que a gente guarda no coração. Com arte apaixonada, trilha cativante, mecânicas bem executadas e uma narrativa que surpreende, o jogo é um presente para quem ama o Game Boy Color e a cena indie nacional.
É também uma prova viva de que ainda há muito espaço para jogos simples, encantadores e feitos com amor. Toni é carismático, sua ilha é inesquecível, e sua aventura ficará marcada como uma das mais queridas do catálogo brasileiro.
Eu gostaria muito de ver Toni Island Adventure receber um “remake” ou uma versão desenvolvida diretamente em uma engine como a própria Godot ou Unity, por exemplo. Sem as limitacoes tecnicas e de programação que o GB Studio apresentam. Seria muito incrível! Quem sabe isso não venha acontecer futuramente? Toni merece. E nós também.
Você encontra Toni Island Adventure na Steam e pode acompanhar novidades pelo site da Frolic Studio, na rede social X, Bluesky e Instagram e TikTok.
Análise – Toni Island Adventure
AU-têntico!
Um daqueles jogos que a gente guarda no coração. Com arte apaixonada, trilha cativante, mecânicas bem executadas e uma narrativa que surpreende, o jogo é um presente para quem ama o Game Boy Color e a cena indie nacional.

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Jogado a versão da STEAM e no emulador PizzaBoy para Game Boy Color.
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